Semana do Estudante: mil razões para viver!
Em 11 de agosto comemora-se o Dia do Estudante e junto dele está a semana dedicada à mesma causa. Coordenada pela Pastoral da Juventude Estudantil, é uma proposta de trabalho acerca de temas atuais, condizentes com a realidade dos jovens, que fomenta o protagonismo estudantil e juvenil.
O objetivo é invadir as escolas como sinal de esperança entre os jovens. Ser sinal de esperança é profetizar, denunciando injustiças e anunciando a possibilidade de construção de um novo mundo, forjado por todas as mãos.
Diante da desigualdade em que vive o mundo, os diferentes precisam ser tratados como diferentes. O negro e a mulher, por exemplo. “É preciso reivindicar a diferença quando a igualdade é opressiva, e a igualdade quando a diferença é excludente”. Há séculos a história conta que sempre houve ricos e pobres, senhores e escravos, mas qual será a origem da desigualdade? Não seria esse sistema político-econômico que nega as raízes do povo, que propaga a injustiça, a fome e o medo?
A participação social e coletiva é vista como alternativa de mudança social quando ela toca vidas e gera consciência crítica. A juventude tem um largo potencial de transformação, não por ser o futuro do país, mas por ser o seu presente. Organizada, pode fazer lutas concretas e gerar alternativas, forjando educação e cultura libertadoras, uma economia solidária, uma comunicação democrática, um movimento estudantil que paute as injustiças sociais e que seja força na luta pelos direitos da juventude e de todos os esfarrapados do mundo.
A educação pode ser uma ferramenta na garantia de direitos e na construção da autonomia das pessoas para a mudança social. Acreditamos nela enquanto prática da liberdade, que ensaia a vida, que respeita e vive a diversidade, que dialoga porque aprende ao ensinar, que constrói o conhecimento na partilha de saberes. Negamos a educação que não é forjada na vida das pessoas, que impõe o conhecimento exigido no vestibular e que gera medo e impotência diante das injustiças.
A música inicia e com ela o espetáculo. Minhas pernas tremiam, afinal eu era encarregado do protagonista da peça. Deram minha deixa, eu entrei, a voz libertou-se quase que inconscientemente. Não consigo lembrar de muitos detalhes, mas lembro que naquele pedaço de tablado, sob as luzes dos refletores, eu era livre.
Começou então a música final. Era o fim do espetáculo, uma multidão de jovens invadiu o palco, dançando e cantando. Via-se que a plateia estava receosa esperando pelo pior, pois o que todos esperam da Febem são monstros e não artistas. Os familiares que estavam presentes na plateia subiram ao palco. Choros, risos e parabéns encheram o ar de sons. Ao canto, vi um homem, uma moça com um menino no colo. Era Gabriel, meu filho, meu Sancho Pança. Uma voz me fala ao ouvido: “Olhe por esse menino, pense nele”. Palavras da diretora do espetáculo, Valeria Di Pietro. E isso ficou em minha cabeça (...).
Cerca de um mês e meio depois, eu recebi minha liberdade, a uma semana de outra apresentação. Queria sentir aquilo novamente. Então voltei no dia seguinte para a Febem, para um novo ensaio. Em casa a exclamação: “Você é louco, menino, acabou de sair e quer voltar novamente pra’quele inferno?”. Bom, acho que sou louco, assim como Dom Quixote. Saí pelo mundo afora para lutar pelo meu sonho. (...) Eu, Peterson Xavier Quixote de la Mancha.”
O direito à dignidade
As três pessoas mais ricas do mundo possuem um patrimônio superior à soma dos produtos de 48 países. No mundo, morre uma criança por minuto. No Brasil, existem 40 milhões de analfabetos. Apenas 7% da população chega à universidade; destes, apenas 2% são negros.Diante da desigualdade em que vive o mundo, os diferentes precisam ser tratados como diferentes. O negro e a mulher, por exemplo. “É preciso reivindicar a diferença quando a igualdade é opressiva, e a igualdade quando a diferença é excludente”. Há séculos a história conta que sempre houve ricos e pobres, senhores e escravos, mas qual será a origem da desigualdade? Não seria esse sistema político-econômico que nega as raízes do povo, que propaga a injustiça, a fome e o medo?
A participação social e coletiva é vista como alternativa de mudança social quando ela toca vidas e gera consciência crítica. A juventude tem um largo potencial de transformação, não por ser o futuro do país, mas por ser o seu presente. Organizada, pode fazer lutas concretas e gerar alternativas, forjando educação e cultura libertadoras, uma economia solidária, uma comunicação democrática, um movimento estudantil que paute as injustiças sociais e que seja força na luta pelos direitos da juventude e de todos os esfarrapados do mundo.
A educação pode ser uma ferramenta na garantia de direitos e na construção da autonomia das pessoas para a mudança social. Acreditamos nela enquanto prática da liberdade, que ensaia a vida, que respeita e vive a diversidade, que dialoga porque aprende ao ensinar, que constrói o conhecimento na partilha de saberes. Negamos a educação que não é forjada na vida das pessoas, que impõe o conhecimento exigido no vestibular e que gera medo e impotência diante das injustiças.
Um milhão de histórias
“Dia 11 de outubro de 2000 eu e mais cerca de 150 jovens internos da Febem nos preparávamos para encenar o clássico de Miguel de Cervantes: Dom Quixote. A ansiedade e o nervosismo misturavam-se à fúria que sentíamos por tanta humilhação que passamos para estar ali (...).A música inicia e com ela o espetáculo. Minhas pernas tremiam, afinal eu era encarregado do protagonista da peça. Deram minha deixa, eu entrei, a voz libertou-se quase que inconscientemente. Não consigo lembrar de muitos detalhes, mas lembro que naquele pedaço de tablado, sob as luzes dos refletores, eu era livre.
Começou então a música final. Era o fim do espetáculo, uma multidão de jovens invadiu o palco, dançando e cantando. Via-se que a plateia estava receosa esperando pelo pior, pois o que todos esperam da Febem são monstros e não artistas. Os familiares que estavam presentes na plateia subiram ao palco. Choros, risos e parabéns encheram o ar de sons. Ao canto, vi um homem, uma moça com um menino no colo. Era Gabriel, meu filho, meu Sancho Pança. Uma voz me fala ao ouvido: “Olhe por esse menino, pense nele”. Palavras da diretora do espetáculo, Valeria Di Pietro. E isso ficou em minha cabeça (...).
Cerca de um mês e meio depois, eu recebi minha liberdade, a uma semana de outra apresentação. Queria sentir aquilo novamente. Então voltei no dia seguinte para a Febem, para um novo ensaio. Em casa a exclamação: “Você é louco, menino, acabou de sair e quer voltar novamente pra’quele inferno?”. Bom, acho que sou louco, assim como Dom Quixote. Saí pelo mundo afora para lutar pelo meu sonho. (...) Eu, Peterson Xavier Quixote de la Mancha.”
Tábata Silveira dos SantosEstudante de Direito, militante do movimento estudantil, ex-secretária e articuladora da Pastoral da Juventude Estudantil
